O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na manhã desta sexta-feira (5) que o Banco Central (BC) já deveria ter iniciado o ciclo de redução da taxa básica de juros (Selic), que foi mantida nesta semana em 13,75%, apesar das pressões do governo federal e do empresariado.
Haddad afirmou que "respeita a institucionalidade", em alusão à independência do BC, mas que "não podemos cair no erro de que tudo o que se coloca de reflexão sobre a autoridade monetária é questão política". O miniostro defendeu que sua avaliação é técnica.
"Honestamente, poderíamos iniciar a recalibragem da taxa de juros. A projeção da inflação para o ano que vem está controlada" disse Haddad em entrevista à rádio CBN.
O ministro sinalizou que a taxa de juros atual tem afetado negativamente o crescimento da economia.
"Temos capacidade de produzir 4,5 milhões de automóveis por ano, estamos produzidos metade disso. E 70% dos carros vendidos estão sendo vendidosa à vista porque não tem financiamento. Tenho certeza que a gente poderia estar vendendo mais, o consumidor poderia voltar ao consumo sem que isso representasse ameaça à estabilidade de preços" disse Haddad.
Ao comentar a tramitação da proposta do novo arcabouço fiscal apresentado pelo governo ao Congresso, Haddad disse que Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidentes da Câmara e do Senado, "estão separando o que é assunto de governo do que é de estado" e que temas como arcabouço fiscal e reforma tributária têm sido vistas como temas de Estado.
"Penso que a maturidade (dos presidentes das casas legislativas) tem sido grande de não tratar as reformas no varejo das negociações do Congresso (...) O Congresso está aprovando as medidas e o Supremo e o STJ mostraram que estão abertos a discutir o pacto fiscal" disse.
Isenção do Imposto de Renda
Ao ser questionado pela colunista Miriam Leitão sobre como pretende viabilizar a proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silvade ampliar até o fim do mandato a faixa de isenção do Imposto de Renda a quem tenha rendimentos de até R$ 5.000 mensais, Haddad disse que será um desafio e que "vai exigir um esforço".
"Eu não tenho a resposta para chegar a R$ 5.000 hoje. Tenho a resposta para continuar avançando e no ano que vem dar um pouco a mais, chegar perto dos R$ 3.000, chegar em R$ 4.000 em 2025 acho que é possível" disse. Ele afirma que a questão "está resolvida" para os próximos dois anos.
Segundo Haddad, há duas maneiras de ampliar a isenção: com a correção da tabela do Imposto de Renda, o que custaria aos cofres públicos R$ 100 bilhões; ou combinar uma correção menor da tabela com um desconto dos rendimentos para beneficiar o contribuinte. Nessa última opção, o custo para o governo cairia pela metade, diz o ministro.
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