Por causa da acusação de estupro feita pela personal stylist Sílvia Tavares, o padre Airton Freire pediu afastamento da presidência da Fundação Terra, da qual é fundador. Nesta quinta (8), a entidade informou ao g1 que a então vice-presidente do órgão, Jéssica Mickaelly Pereira, assumiu a função interinamente.
As acusações contra o padre Airton ganharam repercussão no fim de maio, quando Sílvia Tavares foi até o Palácio do Campo das Princesas, no Recife, cobrar ao governo a conclusão do caso, que está sendo investigado pela Polícia Civil.
Na denúncia, ela afirma que foi estuprada pelo motorista Jailson Leonardo da Silva a mando do religioso, que, segundo ela, se masturbava durante o abuso.
O padre informou a decisão de se afastar das atividades em pedido de licença enviado na quarta (7) ao conselho da fundação.
No documento, o instituidor da Fundação disse que tomou a decisão "em razão dos últimos acontecimentos noticiados pela imprensa, envolvendo minha pessoa em atos não apropriados e, portanto, reprováveis" e por "estar psicologicamente abalado por tais notícias".
O comunicado informa, ainda, que o padre se licenciou da presidência, "passando sua governança para a vice-presidente, Jéssica Mickaelly Pereira", "até que se chegue a um esclarecimento dessa atual situação".
"Peço que se dê conhecimento desse ato a todas as instituições com as quais a Fundação Terra mantém parcerias. Peço, sobretudo, não se esqueçam dos pobres", afirmou o padre no texto.
Procurada, a defesa de padre Airton disse que ele "nega a prática de qualquer ato ilícito e reafirma sua inocência, não sendo verdadeiras as alegações contra ele dirigidas".
"O sacerdote lamenta ter sido alvo de acusações infundadas e injustas e solicitou licença das funções na Fundação Terra para, com serenidade, aguardar o término das investigações", afirma.
O g1 procurou a defesa do motorista Jailson Leonardo da Silva mas, até a publicação da matéria, não obteve resposta.
Relembre o caso
O crime de estupro, de acordo com a mulher, foi praticado a mando do padre, pelo motorista Jailson Leonardo da Silva, de 46 anos, durante um retiro espiritual, no dia 18 de agosto de 2022. Sílvia disse que o padre se masturbou vendo a cena.
Ela contou que foi chamada pelo padre para ir a uma pequena casa isolada, à qual a mulher se refere como “casinha”, onde ficavam os aposentos do padre.
Em 17 de agosto de 2022, padre Airton mandou um áudio para Sílvia, pedindo que ela fosse à “casinha” às 6h30 do dia seguinte.
O motorista Jailson levou a mulher para o local, onde o padre estava deitado de bruços, coberto com um lençol de seda.
Ele pediu uma massagem e, mesmo estranhando o pedido, a mulher fez, mas se assustou ao perceber que, sob o lençol, ele estava sem cueca. Ela, então, saiu da cama.
Em seguida, Jailson se aproximou da mulher com uma faca e a ameaçou. Enquanto se masturbava, o padre ordenou que ele a estuprasse.
Com o próprio celular, o padre tirou fotos da mulher e de Jailson nus, juntos. Depois, acariciou os órgãos genitais do motorista e mandou que eles tomassem banho.
Em comunicado publicado pela ONG aos fiéis, o padre Airton Freire afirmou, após a divulgação das acusações, que se sentiu "injustiçado" e que "jamais cometeu" os "atos ilícitos" pelos quais foi denunciado.
No fim de maio, a defesa do motorista Jailson Leonardo da Silva negou que ele tenha praticado "qualquer crime" contra a mulher e lamentou "ter tido o nome envolvido em denúncias fantasiosas".
Visitas: 199094
Usuários Online: 1