O ex-ministro da Justiça Anderson Torres disse em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (8) que sua preocupação durante o período eleitoral era com o combate a possíveis crimes eleitorais, independentemente de qual candidato estivesse sendo beneficiado pelos delitos.
Torres, que é investigado por supostamente ter empregado a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em operações que dificultaram o trânsito de eleitores do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no dia do segundo turno, sobretudo no Nordeste, negou ter feito qualquer interferência no planejamento operacional da corporação durante as eleições.
Em seu depoimento à PF, que durou cerca de duas horas, Torres confirmou ter recebido uma planilha com os locais onde Lula e Jair Bolsonaro foram mais bem votados no primeiro turno, mas negou ter enviado o documento à PRF.
A suspeita dos investigadores é que essa planilha tenha servido de base para a montagem das blitzes nas estradas do Nordeste no dia do segundo turno. Lula teve ampla vantagem entre o eleitorado da região.
Questionado sobre sua ida à Bahia nas vésperas no segundo turno, na qual se encontrou com o então superintendente da PF no estado, o delegado Leandro Almada, Torres respondeu que viajou a convite do então diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes, para visitar uma obra.
Os investigadores suspeitam que, na conversa com Almada, Torres tenha pedido que a PF trabalhasse junto com a PRF nas operações realizadas nas estradas da Bahia em 30 de outubro, de modo a reforçar o número de policiais nas ruas. O ex-ministro, no entanto, negou que tenha feito esse pedido.
Torres disse que não havia determinação sua para que PF e PRF trabalhassem juntas em operações no dia da eleição. Diferentemente, dois de seus ex-auxiliares no ministério — a ex-diretora de Inteligência Marília de Alencar e o ex-secretário de Operações Integradas Alfredo Carrijo — afirmaram que havia uma ordem para que as duas polícias realizassem operações conjuntas, o que acabou não ocorrendo.
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